Duas irmãs tramam salvações possíveis para enfrentar a realidade de Lá, uma ilha em guerra. Alfonsina, a mais velha, se recupera do luto e mobiliza o povoado a reagir contra o governo. Ana aguarda em casa o retorno do filho, um dos muitos soldados entrincheirados. Quem lhe faz companhia é Sim, o cão morto que ela congelou para que o filho – quando voltar, se voltar – possa se despedir. Preservado no embrulho do gelo e inundado de lembranças, o animal narra a história. Em meio a uma atmosfera fantástica, a dramaturgia poética do jornalista Filipe Isensee faz os acontecimentos se precipitarem furtivamente, suspensos em um silêncio tenso prestes a ser rompido a qualquer instante. Integrando a Coleção Dramaturgia, da Editora Cobogó, cão gelado é uma dentre as 14 dramaturgias criadas por autoras e autores da quinta turma (2019) do Núcleo de Dramaturgia Firjan SESI, com orientação do diretor e dramaturgo Diogo Liberano. Quando se acorda a primeira vez após a morte de um filho, após tentar dormir por muitas horas, em vão, esse acordar, esse acordar só, mais parece um desmaiar. Os olhos vão abrindo como se estivessem fechando. Faz sentido? Muita coisa em Lá não faz sentido.