Para marcar esta sexta edição do livro Lina Bo Bardi - ou “livrão de Lina”, como é conhecido por muitos -, um desenho de Lina extraído de uma das pranchas do concurso de projetos para o Vale do Anhangabaú (1981) foi escolhido para a nova capa. Faz sentido relembrar e refletir hoje sobre esse projeto para um dos espaços mais traumatizados da cidade de São Paulo. Exceção feita à capa, o livro continua exatamente igual àquele lançado em 1993, há 31 anos, mantendo sua atualidade. Parece que, quanto mais vemos a arquitetura se afastar dos “trilhos”, ou de seu fundamento primordial que é a criação e construção do abrigo humano - da casa à cidade -, mais sentido encontramos no trabalho de Lina. Seu modo de pensar e projetar foge a estilos, modismos, correntes e movimentos internos da arquitetura, porque se dirige à vida das pessoas em cada detalhe e circunstância. Em um mundo tão conturbado e carente de todo tipo de conforto urbano, a arquitetura e o design não poderiam servir a outro ideal que não o de diminuir a injustiça no planeta, com soluções que abriguem e dignifiquem a vida de todos. Lina sempre trabalhou neste rumo.